29/05/2017

Fases da Lua - Negra - Parte 11

   
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     O termo Lua Negra, se refere comumente a segunda Lua Nova ocorrida em um único mês. Assim como o fenômeno da Lua Azul, no caso de duas Luas Cheias consecutivas, ela também acorre em media a cada dois anos e meio. Entretanto, essa nomenclatura se aplica também a fase totalmente invisível do ciclo lunar.
     Esse fenômeno astronômico acontece quando a Lua não pode ser observada da Terra. Transcorre nos três dias que antecede a aparição da Lua Nova, ou seja, os últimos dias da Minguante. Nesse período, ela se torna invisível devido a sua proximidade do Sol. Estando a Lua entre a Terra e o Sol, a sua face iluminada está invisível a olho nu. Ou seja, sua face iluminada está para o lado do Sol, e as sombras está para o lado visível da Terra. E é justamente as sombras da nossa psique que essa Lua influência.
    As primeiras referências sobre tal Lua, se encontra na mitologia babilônica e nas escrituras judaicas. Nesses mitos encontramos citações à deusa Lilith, a primeira esposa de Adão, relacionada aos sentimentos mais profundos, as emoções ocultas do espirito humano. Hoje na magia, está vinculada a busca pelo auto conhecimento. Pelo desvelar de quem realmente somos.
     É muito comum a ideia de que essa fase da Lua é usada para magias malignas, ou que não se deve fazer nenhum trabalho magico nela. Nessa Lua, realmente a energia não esta propicia para magias especificas, de exteriorização, pois a influencia energética desse astro é estritamente relacionada a luminosidade solar, afinal a energia vem do Sol e a Lua à reflete. Entretanto o fato de suas sombras estarem voltadas para a visão terrestre, nos induz, automaticamente, a buscarmos também às nossas sombras interiores, tornando assim, adequada para introspecção.
     Muitos buscadores trabalham a força dessa Lua em consonância com as Deusas Negras, sendo essas divindades relacionadas com as nossas sombras, com as mudanças e fins de ciclos, inclusive a morte e a ressurreição. São as senhoras portadoras da foice que ceifa nossas vidas, mas também as guias para os caminhos do renascimento. Se conectar com essas duas energias em conjunto, nos ajuda a penetrar nos portais da magia, que serão abertos a partir do momento que passamos a nos conhecer.
    Ao lidarmos com essas energias, tratamos do conceito sombra, ou seja, o que a nossa personalidade consciente rejeita para formar nossa self que nós conscientemente percebemos e que apresentamos aos outros. Redescobrir essas características nos ajuda e adequar comportamentos e descobrir atributos que não são expressos na nossa luz, ou seja, nas nossas características visíveis. Por exemplo, se uma pessoa é tímida, sua sombra sera extrovertida. Se é medrosa, sua coragem residira nas suas sombras. Elas fazem parte do nosso todo e podem ser usadas positivamente no cotidiano, melhorando nosso caminho evolutivo.
     Um dos caminhos mais utilizados para o redescobrimento dessas qualidades, é o trabalho com as Deusas Negras. Procurando se alinhar com essas energias, sem culpa e sem tabus. Encarando as sombras de frente, aceitando e acolhendo as qualidades negativas da sua personalidade. Muitas vezes vamos nos deparar com intensões, vontades e desejos que nós mesmos vamos encarar com ruins, gerando ódio e raiva de si próprio por ver que tem tal pensamento, desejo ou característica. Assumir algo que nos julgamos como "errados" é muitas vezes dolorido e vergonhoso.
     Desde a nossa tenra idade, somos criados rejeitando nossas sombras. Somos condicionados a rejeitar o que não é politicamente corretor e que não está nos moldes sociais, levando ao distanciamento do autoconhecimento, cegando o próprio ser sobre suas características. Esse desconhecimento, leva a atitudes "impensadas", até violentas, que pode ocasionar em arrependimentos futuros e males a si e a outros, as vezes irreversíveis, motivados em momentos de "cegueira" devido ao desconhecimento dos motivos e motivações que o levaram a tomar aquela atitude. Rejeitar nossas sombras, nos leva a conceitos e atitudes extremistas, tabus sexuais, autoflagelo psíquico, traumas e preconceitos como tentativa de camuflar nossa parcela obscura.
     Por esses motivos é de suma importância o conhecimento de todas as suas características, inclusive as que seu consciente rejeita. A interiorização da Lua Negra e esse redescobrimento não é, como muitos pensam erroneamente, para afloramos qualidades que nos farão causar mal a outros seres. E sim, para evitarmos chegar a nossos limites. O autoconhecimento nos auxilia a evitarmos atitudes impensadas e imaturas. Nos ajuda a sermos menos violentos, agressivos ou medrosos. Nos treina a analisarmos situações que nos motivaram a extrapolarmos nossos limites, e exercita nossa consciência à prevenção e raciocínio, mesmo com as emoções afloradas. Reconhecermos os elementos mais escuros e básicos da nossa psique serve para melhoramos como pessoas.
    Nos desprender de preconceitos e tabus nos leva a cura interior. A reconexão com o todo, sagrado e único. Afinal, não existiria luz se não houvesse sombras. Conhecer essas sombras, nos ajuda a valorizar e respeitar nossa luz.

IMPORTANTE: Não tente mudar vários aspectos durante um único ciclo lunar, ou trabalhar vários projetos. Apos se analisar na Lua Negra, escolha quais são mais importantes de serem trabalhados no ciclo que irá se iniciar. Tente trabalhar um ou dois no máximo durante o ciclo. É importante que você lembre dele todos os dias.

Gratidão
Abençoado seja.
Bruxa Nimeuh de Ísis.

Referências Bibliográficas Gerais da sequência de textos “A Lua”.
VIRGATCHIK, Ilya. Le Guide marabout de la Lune et des influences lunaires. Verviers: Les Nouvelles Editions Marabout, 1983.
CANTRELL, Gary. Wiccan Beliefs & Practices. Llwellyn Publications St. Paul, 2001.
MILLENNIUM.  Wicca - A Bruxaria Saindo das Sombras,  Madras, 2004.
PIETRO, Claudiney. Wicca Para Todos: Um Guia Completo Para a Prática da Bruxaria Moderna. Alfabeto, 2009.
CALDEIRÃO, Alquimias de. Livro das Sombras.

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