21/01/2017

As Faces da Deusa Lunar


     A Lua sempre foi vista como uma representação dos ciclos naturais e dos mistérios que cercam a vida. Muitas Deusas ao longo dos tempos foram ligadas a ela, pois é no silencio da noite, que a intuição e o instinto florescem, sendo esses vistos como manifestações femininas da energia divina, junto com as emoções, os sentimentos, o inconsciente, as sombras e tudo que Em muitas tradições do Oriente Médio, do Mediterrâneo e da antiga Europa, a Deusa-Mãe dá à luz um filho, um jovem caçador que, a seu tempo, converte-se em seu amante e cônjuge. Embora isso possa soar contraditório e incestuoso a ouvidos modernos, devemos ter em mente que, como "tipos míticos", todas as mulheres são mães para todos os homens e todos os homens são filhos adultos. De acordo com muitas lendas antigas, o "jovem Deus deve morrer". Neste ponto,  verificamos que o antigo mito e os costumes sociais se alinham. Como as mulheres eram vitais
para a sobrevivência da tribo, pois só elas podiam parir e alimentar os recém-nascidos, a perigosa tarefa de espreitar, perseguir e matar animais selvagens passou a ser responsabilidade
dos homens. Por volta de 7000 antes da era cristã, o Filho da Mãe Divina estava razoavelmente bem estabelecido nas lendas européias como um Deus Caçador, muitas vezes representado usando chifres. Havia razões estratégicas e sacramentais para isso. Como ritual, o capacete ornado com chifres homenageava o espírito do animal e identificava o jovem caçador com o animal que ele esperava matar. Nos ritos religiosos que implicavam êxtase, uma pessoa converte-se no
Deus ou Deusa que está sendo cultuado vestindo-se, falando e agindo como a deidade. Assim, ao usar os chifres e as galhadas, o caçador tornou-se o caçado em corpo, mente e espírito. Ele
assemelhava-se à presa; pensava como a presa; consubstanciava o espírito de sua presa. Pensava-se que a identificação com o animal caçado assegurava uma caçada bem-sucedida. Estrategicamente, o caçador envergava os próprios chifres e a pele do animal por segurança e para garantir o êxito da jornada. Ocultando suas formas e cheiro humanos, ele podia acercar-se do rebanho ou da manada sem espantar os animais. Os índios americanos vestiam capas de pele de búfalo, completando-as com as cabeças e os chifres, a fim de se aproximarem de um búfalo, desde os mais recuados tempos até quase o final do século XIX. Tocaiar e matar um grande animal armado de chifres era perigoso. Muitos caçadores foram escornados ou atropelados até a morte. Em redor das fogueiras tribais, o caçador vitorioso era homenageado e recebia os chifres ou as galhadas do animal chacinado para usar como troféu de vitória e expressão de gratidão por parte da tribo, já que ele pusera sua vida em perigo. Com o tempo, o caçador filho da Grande Deusa passou a ser preiteado como um Deus Cornífero, e sua disposição para sacrificar a vida pelo bem da comunidade foi celebrada em canções e no ritual. O caçador encontrou freqüentemente a morte nos meses de inverno, a época da caça em que o pêlo é espesso e a carne é facilmente preservada no ar gelado. Esse drama da morte no inverno era também visto na natureza, quando o sol fica débil e pálido, tudo parece morto ou adormecido, e as longas noites invernais encorajavam os nossos ancestrais da Idade da Pedra a recolher-se à escuridão tépida de suas cavernas. Era a época do gelo e da morte. Joseph Campbell diz-nos em The Way o f the Animal Powers que "o desaparecimento e reaparecimento anual das aves e dos animais selvagens também deve ter contribuído para esse sentimento de um mistério geral urdido pelo tempo", um mistério que faz todas as coisas terem seu tempo para morrer e renascer. Uma religião baseada nos ciclos da natureza faria disso uma verdade sagrada. Aqueles que seguiram essa religião puderam celebrar até a estação da morte, por saberem que a ela se seguiria uma estação de renascimento. Se o Filho deve morrer, ele renascerá, tal como o sol voltaria na primavera. A Terra e a Mulher cuidam disso. Esses eram os mistérios da Grande Deusa-Mãe, o Grande Ventre da Terra.” (Trecho do livro O poder das Bruxa, de Lourie Cabot com Tom Cowam). Pode ser mensurado e classificado racionalmente.  Por isso não é adequado buscar entender a lua apenas cientificamente, pois ela trás energias muito mais sutis que físicas.
     Povos mais antigos, que estavam estritamente ligados a terra, observaram a influencia que a lua exercia sobre as colheitas em momentos de crescimento, fertilidade, envelhecimento e repouso dos plantios. Ligando assim, as manifestações da lua, as fases de juventude, maturidade e envilecimento feminino, representados em suas Deusas. A Lua nunca morre, por isso ela é considerada a Senhora dos Vivos.
     A Deusa é a mãe de toda a vida. Ela é o mistério. É a anciã que passa pelos portais da morte. Doa-nos paz e liberdade e nos reúne com todos os que se foram. Tudo procede dela e a ela torna, pois a mesma força que trás a vida, à leva de volta e refaz os ciclos eternos da existência. Ela cria a vida através do amor divino e incondicional. O amor que ela nos ensina a termos pelos nossos irmãos e irmãs. Sua essência é completo amor. Todos os aspectos da Deusa Triplece representam diferentes tipos de cura e de crescimento.  As bruxas não cultuam a Lua, mas vê em suas faces representações das manifestações divinas femininas.

Lua Crescente- Donzela


     A lua crescente vai se fortalecendo até chegar ao plenilúnio. E assim com uma jovem moça, uma linda donzela, ela vai crescendo e ficando forte até chegar ao seu ápice de poder. A Deusa em sua face donzela é muitas vezes representada como uma atleta ou caçadora. Uma poderosa guerreira que aprende a defender seus futuros filhos. A humanidade no período pré agrafo observou que a forma da lua crescente era semelhante a um cifre. Como a sabedoria está nas mulheres e nas Deusas, eles entenderam que a deusa na sua face donzela era a conhecedora dos mistérios profundos dos movimentos dos rebanhos selvagens. Por isso, começaram a esculpir imagens de uma mulher erguendo um chifre, uma trompa das vacas e touros no formato de um quarto crescente. Assim ao se conectarem com essa imagem, A Senhora das Coisas Selváticas, eles poderiam entender como a caça
pensava e sentia e com isso o êxito na caçada estaria garantido.  A mais antiga representação dessa imagem é a Vênus de Laussel (imagem ao lado), datada de 21 000 anos, encontrada na França. O historiador de arte Siegfried Giedion afirma que essa é “a representação mais vigorosamente esculpida do corpo humano em toda a arte primitiva.” O capricho desses antigos povos ao representarem sua donzela, sua deusa da caça, mostra a importância que era dado aos rituais de busca por seus alimentos, geralmente feitos na lua crescente, e seu carinho por esse aspecto da Grande Mãe Divina.


Lua Cheia- Mãe


     A Lua Cheia inunda de luz o céu noturno. Nessa face, o ventre da Deusa Mãe está inchado de nova vida. Durante essa lunação, muitos bruxos e bruxas são atraídos a grutas e fontes escondidas, onde possivelmente as mulheres do neolítico usavam para dar a luz. Nesses lugares as mulheres poderiam se esconder no colo da grande mãe e parir em segurança e privacidade perto de água fresca e corrente, de maneira sagrada. A Deusa da caça agora é a rainha da colheita. Grande Mãe dos milhos e grãos que derrama sua abundancia na Terra. É a fonte das safras que vira alimentos. Todo nutrimento vem da Terra e da lua.
“Em muitas tradições do Oriente Médio, do Mediterrâneo e da antiga Europa, a Deusa-Mãe dá à luz um filho, um jovem caçador que, a seu tempo, converte-se em seu amante e cônjuge. Embora isso possa soar contraditório e incestuoso a ouvidos modernos, devemos ter em mente que, como "tipos míticos", todas as mulheres são mães para todos os homens e todos os homens são filhos adultos. De acordo com muitas lendas antigas, o "jovem Deus deve morrer". Neste ponto,  verificamos que o antigo mito e os costumes sociais se alinham. Como as mulheres eram vitais
para a sobrevivência da tribo, pois só elas podiam parir e alimentar os recém-nascidos, a perigosa tarefa de espreitar, perseguir e matar animais selvagens passou a ser responsabilidade
dos homens. Por volta de 7000 antes da era cristã, o Filho da Mãe Divina estava razoavelmente bem estabelecido nas lendas européias como um Deus Caçador, muitas vezes representado usando chifres. Havia razões estratégicas e sacramentais para isso. Como ritual, o capacete ornado com chifres homenageava o espírito do animal e identificava o jovem caçador com o animal que ele esperava matar. Nos ritos religiosos que implicavam êxtase, uma pessoa converte-se no
Deus ou Deusa que está sendo cultuado vestindo-se, falando e agindo como a deidade. Assim, ao usar os chifres e as galhadas, o caçador tornou-se o caçado em corpo, mente e espírito. Ele
assemelhava-se à presa; pensava como a presa; consubstanciava o espírito de sua presa. Pensava-se que a identificação com o animal caçado assegurava uma caçada bem-sucedida. Estrategicamente, o caçador envergava os próprios chifres e a pele do animal por segurança e para garantir o êxito da jornada. Ocultando suas formas e cheiro humanos, ele podia acercar-se do rebanho ou da manada sem espantar os animais. Os índios americanos vestiam capas de pele de búfalo, completando-as com as cabeças e os chifres, a fim de se aproximarem de um búfalo, desde os mais recuados tempos até quase o final do século XIX. Tocaiar e matar um grande animal armado de chifres era perigoso. Muitos caçadores foram escornados ou atropelados até a morte. Em redor das fogueiras tribais, o caçador vitorioso era homenageado e recebia os chifres ou as galhadas do animal chacinado para usar como troféu de vitória e expressão de gratidão por parte da tribo, já que ele pusera sua vida em perigo. Com o tempo, o caçador filho da Grande Deusa passou a ser preiteado como um Deus Cornífero, e sua disposição para sacrificar a vida pelo bem da comunidade foi celebrada em canções e no ritual. O caçador encontrou freqüentemente a morte nos meses de inverno, a época da caça em que o pêlo é espesso e a carne é facilmente preservada no ar gelado. Esse drama da morte no inverno era também visto na natureza, quando o sol fica débil e pálido, tudo parece morto ou adormecido, e as longas noites invernais encorajavam os nossos ancestrais da Idade da Pedra a recolher-se à escuridão tépida de suas cavernas. Era a época do gelo e da morte. Joseph Campbell diz-nos em The Way o f the Animal Powers que "o desaparecimento e reaparecimento anual das aves e dos animais selvagens também deve ter contribuído para esse sentimento de um mistério geral urdido pelo tempo", um mistério que faz todas as coisas terem seu tempo para morrer e renascer. Uma religião baseada nos ciclos da natureza faria disso uma verdade sagrada. Aqueles que seguiram essa religião puderam celebrar até a estação da morte, por saberem que a ela se seguiria uma estação de renascimento. Se o Filho deve morrer, ele renascerá, tal como o sol voltaria na primavera. A Terra e a Mulher cuidam disso. Esses eram os mistérios da Grande Deusa-Mãe, o Grande Ventre da Terra.” (Trecho do livro O poder das Bruxa, de Lourie Cabot com Tom Cowam).

Lua Minguante- Anciã


     Com o cessar do ciclo menstrual, a mulher deixa de sangrar com a lua e retém seu sangue para sempre, conservando seu poder e se tornando agora poderosa.  A Deusa na minguante é a sabia e poderosa anciã. Assim como a lua quarto da minguante, o seu corpo se encolhe, a energia declina e ela “finalmente desaparece na noite escura da morte” da forma que a lua desaparece nos três dias de escuridão. Com a chegada da morte o corpo é devolvido para a terra, onde um dia novamente renascera linda e virginal assim como a lua nova.

Lua Negra - A Deusa Oculta


     Com a sabedoria de um ciclo completo a Deusa se esconde na escura Lua Negra, onde ela se prepara para o renascimento na lua nova que se aproxima. Essa lua não é totalmente escura, ela está com o lado observável pela Terra tampada pela sombra do planeta, mas em seu outro lado ela se fortalece e se ilumina com a luz e o quente poder do Sol. Ela fixa com o poder do Sol toda a sabedoria do ciclo anterior para renascer. O lado obscuro da lua muitas vezes foi visto como sombrio, pois trás a tona o que está às sombras da consciência humana. Entretanto a sombra é tão importante quanto à luz. Por isso entender esse período de reflexão e de quietude da saída da Deusa de sua face Anciã para novamente a face Donzela é de suma importância para entendermos a nossa totalidade como filhos da Grande Mãe Divina.
     As faces da Deusa Lunar representam os ciclos de vida de tudo que é feminino. O nascimento, a puberdade, a maternidade, a velhice, a morte e o eterno retorno a vida são realidades inseparáveis de toda mulher. Assim como as estações do ano retornam e a lua refaz seus ciclos com graça e beleza, as fazes de vida de uma bruxa devem ser celebradas com alegria junto com suas deusas. Assim como as nossas ancestrais, render culto dentro da criação trás respeito ao divino, significado e sentido para nossas vidas.

Gratidão
Abençoado seja. 
Bruxa Nimueh de Ísis. 

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