30/08/2016

Patriarcado, Matriarcado e a Visão Pagã

 
      A sociedade ocidental do século XXI, é fundamentada em valores patriarcais, valores esses que se desenvolveram ao longo dos séculos, incorporados em todas as áreas da vida cotidiana, focadas principalmente na religião, na politica e no âmbito doméstico. Entretanto nem sempre foi assim. Teve um tempo que a maioria das sociedades eram fundamentadas em valores femininos, as chamadas sociedades matriarcais. Hoje ainda existe essa cultura, entretanto ela é especifica de pequenos povos, ou tribos, principalmente em regiões da África.
     Nas sociedades patriarcais, dominam as grandes religiões masculinas, o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. Nelas observamos uma grande linhagem de sacerdotes, santos e seres iluminados masculinos. Essas religiões desenvolve apenas o que chamamos de "Dons de Deus", ou seja, os princípios masculinos da manifestação divina. A natureza é dual, nela observamos o feminino, marcado pelo amor, sensibilidade e compreensão, e o masculino, manisfestando principalmente a razão, a logica e o poder.
     As sociedades patriarcais desenvolve-se, baseadas principalmente em princípios religiosos focados na masculinidade. Observa-se nessas sociedades que as ações cotidianas são baseadas no raciocínio lógico e linear, na inteligência analítica, na frieza dos sentimentos, na imposição por força física, e a busca pelo domínio.
     O divino masculino, celebra as características de deus como a razão, o individualismo, a logica, a virilidade, a coragem e a imposição. Essas características são extremamente importantes para a humanidade, entretanto focar-se apenas na energia masculina, ocasiona em efeitos nocivos para qualquer sociedade, pois o excesso de pensamento logico e a falta de sentimentalismo não permite a observação das forças sutis e poderes subjetivos, ocasionando assim o egoismo, a imposição de poder pessoal e a busca pelo domínio exacerbado, o que acaba levando a inúmeras guerras e desigualdades sociais.
     Pode-se dizer que os limites às ações, na sociedade patriarcal é imposta de fora para dentro, ou seja, a noção de certo e errado que regula as atitudes, é imposta por um sistema e se torna verdade absoluta por meio da repressão e do domínio. Já na sociedade matriarcal, essa noção é vinda de dentro para fora, baseada em "tudo posso, mas nem tudo me convém". Todos somos livres, e na visão matrifocal as atitudes são baseadas nos sentimentos e na sutileza, principalmente o amor e a espiritualidade. Como ser livre, qualquer um pode tomar a atitude que quiser, mas sera que essa atitude será boa para mim e para o meu povo? Quais as consequências que tal ação pode ter perante o a natureza? A liberdade é dada pela consciência e equilíbrio entre as ações, e nas sociedades matriarcais essa liberdade é discutida perante uma consciência de sentimentos coletivos e individuais.
     Isso acontece porque na matrifocalidade, as bases sociais são tidas nos "Dons da Deusa" que são ligados aos sentimentos, a intuição, a amabilidade, a fertilidade, as sensações e a conexão com o meio externo. Dons importantes, pois propiciam a formação de comunidades e famílias mais unidas e mais respeitosas. A sensibilidade das pessoas, permitem uma real conexão com todo o meio e seres a sua volta.
     As religiões presentes nas sociedades matriarcais, celebram a Deusa ou as Deusas em diversas faces. Essa Deusa está presente primariamente na natureza. Foi a partir dela que todo o universo surgiu, e a terra foi gerada em seu grande útero. Essa noção de sacralidade feminina, advêm da observação de como as mulheres agiam naturalmente desde o primórdio da humanidade, quando os primeiros seres humanos buscava no mundo espiritual, explicação para os fenômenos naturais que esses não entendiam. Desde o início da humanidade, a mulher era vista como um ser divino, pois à partir delas surgiam novas vidas através da gestação, a mulher também sangrava todos os meses pela menstruação e não morria, o que era visto como um milagre possível apenas para seres divinos. |Além disso a maneira como as mulheres defendiam seus filhos e sua família era digna de muita força e coragem, que transpassava até os perigos para sua própria vida.
     Baseadas nessas capacidades sagradas, durante muito tempo, as mulheres foram respeitadas como sacerdotisas, mães, esposas, governantes e guerreiras. Sendo tratadas de maneira igualitária com os homens e muitas vezes sendo responsáveis pelas principais decisões das tribos e de seus lares. O que elas estipulavam era respeitado. Nessas sociedades, cada um tinha suas funções definidas e eram tratadas com responsabilidade e equilíbrio.
     Sociedades matriarcais se mantiveram durante séculos. Entretanto, com o domínio do império romano e a imposição patriarcal do cristianismo, os valores femininos foram deixados à segundo plano, e com a inquisição foram comumente vistos como manifestações do mal, ou atitudes do demônio. Essa situação era mais grave em países que predominava o protestantismo, que não incluía em suas praticas o culto a Maria e as Santas, não tendo então uma referencia espiritual feminina.
    O paganismo, é independente do segmento, voltado a conexão com a natureza. Por isso, os valores são baseados principalmente no feminino e no culto as Deusas e ao sagrado feminino. O neopaganismo, busca o equilíbrio entre o feminino e o masculino, tanto em sentido religioso como social, com foco na feminilidade, pois só a partir do amor que é característica da Deusa, é possível obter conhecimento que é obtido à partir do Deus, e assim, com equilíbrio, se formar uma sociedade mais justa, equilibrada e igualitária.

Gratidão!
Abençoados sejam!
Texto: Bruxa Nimueh de Ísis

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