No inicio da humanidade, o homem sentia uma grande
necessidade de explicar os fenômenos naturais que antes eles não entendiam
cientificamente. Então, sempre que algo que eles não compreendiam acontecia,
eles atribuíam aquele fenômeno a uma força maior, à um Deus. Ao observarem e se
encantarem com o fato de a mulher poder gerar e dar a luz a novas vidas, e
sangrar todos os meses e não morrer, eles logo entenderam que a natureza e a
terra também deveria ter vindo de algum ser superior, uma Grande Mãe.
Assim surgiu a devoção ao sagrado feminino, o principio
gerador de todo o universo. Observa-se no período neolítico, a arte devocional com
as Madonas Negras, representações da Deusa como uma mulher forte e fértil. Para
elas era pedido à fertilidade do solo e a geração de uma renovação na natureza
após os longos e mortais invernos.
Observa-se a devoção ao principio masculino da natureza
também, nas paredes pintadas da arte do período ágrafo. O retrato de cenas de
caças bem sucedidas, nos mostra os primeiros rituais de concentração, onde à
materialização da vitoria na caça, através da pintura, se tornava uma forma de
fazer magia e manipular a energia em função do êxito na busca pelo seu
alimento. Nessa mesma finalidade temos o surgimento do deus Cornífero, retratado
como forte e ágil. Representado com grandes chifres, que era sinônimo de tudo
que é masculino, inclusive o poder, a coragem e a fertilidade.
Em toda a história antiga e em diversas culturas, os chifres
é a representação da masculinidade. Entretanto com o advento do cristianismo, a
imagem do deus Cornífero, é muito confundida com a imagem judaico-cristã do
diabo, que também é representada com chifres, nesse caso uma alusão a
deformação da imagem humana pela maldade dos atos e assim a assemelhação com um
monstro. Entretanto as bruxas não são adoradoras de Satanás ou de qualquer
personificação cristã de mal absoluto. A bruxaria é uma religião de culto à natureza e devoção aos Deuses antigos, mais antigos até que o surgimento de Jesus,
do cristianismo e do satanismo.
Os cultos à Grande Mãe, ao deus Cornífero e aos ciclos da
natureza atravessaram eras e acompanharam a humanidade em seu desenvolvimento.
Vários povos e tribos desenvolveram com inspiração divina, seu jeito de cultuar o sagrado feminino e o sagrado masculino. Com as invasões Celtas na Europa e
assim a mistura de crenças, tão comuns na miscigenação dos povos, surgiu o que
hoje é a base de muitos caminhos na bruxaria e no neo paganismo, inclusive na
Wicca. Por exemplo, a comemoração dos ciclos da natureza através dos sabbats e
dos esbats e alguns outros costumes da Wicca, e que também serviram de inspiração para Gardner no inicio
do ressurgimento da busca pela sabedoria e espiritualidade através da bruxaria.
Com a dominação Celta, muitos costumes e crenças de outros povos se misturaram e
fundiram-se, nesse contexto temos a incorporação de crenças e dos plantões
grego, romano, egípcio e nórdico entre outros, na bruxaria que se estendeu por
vários séculos a frente.
Os costumes do povo Celta não são obrigatórios na bruxaria,
na Wicca tradicionalmente sim, mas quando falamos apenas de bruxaria é
facultativo. Entretanto, independente do caminho da bruxaria que se decidiu
seguir, é importante a observação desses costumes, pois nessa cultura têm-se
uma ligação direta com os ciclos da natureza e a manifestação da importância do
sagrado feminino. Com uma visão matrifocal, as mulheres desse povo tinham
destaque especial nas tribos, eram respeitadas como sacerdotisas, mães, esposas
e guerreiras, lutando lado a lado com os homens na defesa dos interesses da sua
tribo.
Com a dominação romana, o povo celta praticamente
desapareceu e seus costumes consequentemente foram levados ao esquecimento.
Algumas pessoas que sobreviveram guardaram seus ensinamentos com discrição e
cuidado, passando oralmente às gerações futuras. Mas foi na idade média que
todos os cultos e costumes relacionados a bruxaria tiveram que ser deixados às
sombras. Muitas bruxas tiveram que negar sua fé para proteger sua família dos
tribunais da inquisição. Mas elas não deixaram morrer os ensinos e os desígnios
da Deusa justamente pela transmissão de conhecimento oral. Por esses ensinos
terem sido guardados apenas na mente das pessoas, muito se perdeu.
Apesar da inquisição e do domínio católico por um clero mais
disposto a angariar riquezas do que à transmitir os ensinos de amor e respeito
do grande mestre Jesus, os cultos aos deuses antigos não morreu, e sobreviveu
junto com as crenças dos antigos povos e chegou até nós hoje.
Não podemos nos esquecer dos fatos históricos mais modernos
em relação à bruxaria. Falando ainda sobre a influência da inquisição, temos em
1692 o famoso processo contra as bruxas de Salem, em Massachusetts. Onde por
influência dos costumes inquisidores trago pelos colonizadores ingleses, elas
foram acusadas de voarem em suas vassouras no meio da noite para lugares
inóspitos com o objetivo de manter relações com Satanás e praticar orgias.
Com o surgimento dos movimentos iluministas no século VII, e
a ideia da racionalização dos fatos, as investidas contra as bruxas diminuíram
e a mentalidade das pessoas começaram a mudar um pouco. Mas foi com Gerald Brosseau Gardner (1884-1964), que a
bruxaria começou novamente a ser lembrada. Através de seus estudos e
conhecimentos ocultos, ele escreveu sua principal obra, Bruxaria Hoje, em 1954,
que se tornou a base do movimento religioso Wicca, o principal segmento da
bruxaria atual.
Hoje não podemos dizer que a bruxaria praticada atualmente é
igual à antiga bruxaria. Muito se perdeu com o tempo. A Nova Bruxaria é
resultado do esforço de todas as bruxas e bruxos que buscam resgatar esses
antigos conhecimentos de coração puro, amor e abnegação a Grande Mãe. E é com a
ajuda e inspiração Dela e de todo o mundo espiritual que esse caminho lindo em
busca da evolução tem sido novamente trilhado, passo a passo e com muito amor
aos conhecimentos antigos.
Gratidão!
Abençoados sejam!
Texto: Bruxa Nimueh de Ísis
Imagem: Pinterest
Gratidão!
Abençoados sejam!
Texto: Bruxa Nimueh de Ísis
Imagem: Pinterest
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